quarta-feira, agosto 27, 2008

42 dias

Atingi hoje a marca com que o sumido Artemus iniciou a fecunda divulgação de sua luta contra o tabagismo. Confesso que quando tive o primeiro contato com os blogs dos BCTs senti-me um pouco amedrontado de não conseguir chegar sequer a esta marca (42 dias).

Comecei o blog no primeiro dia de abstinência, ciente de que poderia não passar da primeira semana. Nesse sentido, o blog me fez um bem incrível. Embora soubesse que não havia leitores para as minhas linhas, tentava imaginar aquilo como um legado histórico para mim mesmo, e também para eventuais leitores no futuro.

Cheguei, e cheguei bem, aos 42 dias - ou 6 semanas redondas! Olhando para trás, para o que passou até agora, considero que o processo tem sido bastante vantajoso para mim. Após os primeiros dois dias de grande fissura, irritabilidade, mau-humor e até tremedeira nas pernas, todos estes sintomas foram abrandando. Masquei muitos chicletes por uns 7 dias, depois parei. Minha capacidade respiratória tem melhorado bastante, assim como o fôlego para, por exemplo, subir escadas e caminhar conversando (coisa que me deixava bem ofegante). Mas, indubitavelmente, o que mais mudou nesses 42 dias foi a minha satisfação comigo mesmo por estar conseguindo parar. Recordo-me de todas as vezes que disse para mim mesmo: "preciso parar de fumar", sem, infelizmente, sequer vislumbrar esta possibilidade. Agora estou vivendo isso. E o que é mais importante, estou feliz! Quando estou com a Lys, todas as vezes que bate aquela vontadezinha, aquela memoriazinha perniciosa, ela vem e me dá um beijo. Tem cigarro melhor que esse?

Apesar de tudo isso, é importante ter os pés no chão, o foco lá na frente e estar sempre alerta para não cair em tentação - e recair.

Abs

terça-feira, agosto 26, 2008

Quitômetro

Meu quitômetro pifou. Não sei o que aconteceu, mas ele não passou do "1 mês e 1 semana". Resolvi tirá-lo do ar até resolver esse problema. Por enquanto, deixarei apenas o fumômetro simples, que marca há quantos dias eu não fumo. Alguém sabe o que está acontecendo? Alguém pode me mandar o script do quitômetro? Já procurei, procurei, e não me lembro mais onde encontrei (nem de quem eu copiei)... Valeu!
Abs

Primeiro cigarro

Não, caro leitor. Eu não tive uma recaída. Tampouco corri o risco de acender só unzinho. Queria falar sobre como comecei a fumar.

Quando eu nasci, meu pai já era ex-fumante e minha mãe era fumante. Ela havia fumado durante toda a minha gestação. Eu e meu irmão crescemos em um ambiente de fumante e colecionávamos maços de cigarros vazios, recolhendo os de marcas diferentes que encontrávamos nas ruas. Apesar de acompanhar a vida fumante de minha mãe (ela só parou quando eu tinha uns 10 anos), a lembrança (boa) mais antiga que eu tenho é o cheiro da primeira fumaça de um cigarro aceso de uma tia minha, com o isqueiro de seu carro. Aquele cheiro penetrante é gostoso. Depois torna-se comum.

O primeiro cigarro que eu fumei foi no curso de inglês. Alguns professores passavam pelos corredores com seus cigarros acesos. Uma vez, antes de entrar em uma aula, surpreendi uma professora jogando seu Free aceso no cinzeiro, sem, entretanto, apagá-lo. Ela havia dado duas tragadas apenas. Peguei o cigarro e entrei no banheiro em frente. Tranquei-me em um box e traguei (na verdade, tentei tragar). Veio a tosse e a pergunta: "mas isto é mesmo tudo o que falam que é?". Pareceu-me estranho que uma coisa meio enjoativa - e mesmo repugnante - fosse capaz de viciar e fosse tão difícil de largar. Eu devia ter uns 14 ou 15 anos.

No meu colégio havia apenas uns três ou quatro fumantes, era muito incomum. Dois deles sempre fumavam no recreio, observados pela molecada. Eles pareciam querer dizer que eram diferentes de todo mundo, que não queriam se misturar. No mesmo colégio eu tive uma professora de português (fumante) que sempre nos dizia para não começar a fumar, pois "fumar é bom, se você começar, vai gostar e não vai deixar de fumar".

Depois que entrei na faculdade, tive muito mais contato com fumantes. É impressionante como se fuma em Campinas. Uma vez li uma reportagem que dizia que a indústria do tabaco usa deliberadamente esta cidade como "piloto" para campanhas, promoções e artimanhas comerciais. Faz todo sentido, pois há mesmo muitos fumantes por lá. Pois então, não sei exatamente o porquê, mas o fato é que no primeiro ano da faculdade eu me vi comprando uns maços de cigarro e literalmente tentando fumar! O termo certo é esse, eu acho que eu não sabia tragar, batia aquele enjôo e aquela tosse característicos da inaptidão tabagística. Lembrei-me da minha tia (a que acendia o cigarro no carro), que dizia ter aprendido a tragar quando tomou um susto atravessando uma rua... Eu continuei tentando e fui, assim, ficando cada vez mais envolvido pela nicotina e pelo cigarro. Fato é que, ao fim das primeiras férias de verão - ou seja, após o primeiro ano da faculdade - eu era um fumante convicto. Comecei a minha saga de fumante, para que fique redondo, em janeiro de 1997. Desse mês até julho de 2008 foram perto de 12 anos, fumando quase ininterruptamente. Não considero que comecei a fumar para me inserir socialmente, até porque já estava inserido no novo contexto universitário para onde fui. A maior parte dos meus amigos de classe e de curso não era fumante. Acho que, no meu caso, o que pesou mesmo foi a curiosidade, a vontade mesmo de fumar, de tragar e de soltar a fumaça. Isso me lembra de mais um motivo para parar de fumar: eu não quero que um filho (que ainda não tenho), ou uma sobrinha (que terei a partir de novembro), cresça vendo o pai ou o tio fumando cigarro (já basta a afilhada linda que eu tenho ter visto...). Definitivamente, não seria um bom exemplo. Seria, sim, um fato a lamentar.

Esta é a minha história. Cheguei ao ponto de ter vergonha de mim mesmo por ser fumante. Certa vez um amigo me perguntou: "logo você, Karenin, geneticista, fumar mais de um maço por dia?". Pois é: o que eu posso responder para o cidadão???

Minha resposta, muda, quieta, encolhida, na forma de um blog, está aqui. Estou tentando me livrar, estou conseguindo. Passo a passo, um dia de cada vez, comemorando cada pequena vitória. Eu vou conseguir porque não vejo mais razão para continuar fumando. A dependência psicológica estará sempre aí para me tentar, para me testar. Como fica claro a partir do título do blog: no meu castelo, mando eu. Ou, pelo menos, quem tem que mandar sou apenas eu.

segunda-feira, agosto 25, 2008

Coerente

Estatísticas

Resolvi postar novamente ao observar meu quitômetro: mais de 1000 cigarros não fumados, o equivalente a 50 maços de Marlboro Lights! Quase R$150 poupados. Com essa grana, ofereci-me a primeira recompensa: comprei um óculos de sol na última quinta-feira. Incrível, não? Valeu a pena!!

Percebi que tem algo errado com o meu quitômetro: ele aponta para 1 mês e 1 semana, o que dá 38 dias (se o mês for de 31 dias). Mas já foram 40 dias, como atesta corretamente o fumômetro (o último cigarro foi apagado precisamente à 1h do dia 16/07). Alguém sabe qual é o problema?

Abs

Quaresma

Eu não fumei!!!

No último post eu estava há 29 dias sem fumar. Hoje completei 40 dias - uma quaresma, tempo equivalente ao período entre o carnaval e a páscoa. Fiquei ausente primeiro porque foi um período relativamente tranquilo da minha empreitada, segundo porque saí de férias e não tive como postar nesse período.

Passei por provações complicadas durante as férias. Hospedei em minha casa um grande amigo fumante (Met), que não via há cerca de 1 ano - e depois fiquei hospedado em sua casa por 2 dias. Ele fuma desde os 14 anos (está com 40 agora) e atingiu a impressionante marca de 60 cigarros/dia no momento. É bizarro como ele sempre está com manuseando um cigarro - seja acendendo, apagando ou simplesmente fumando. Os cigarros estavam ali no cinzeiro, queimando, em todos os momentos, literalmente. Pegar um deles e dar apenas um trago era coisa corriqueira: eu sempre fazia isso quando encontrava Met. Não fiz!!! Depois viajamos Rio-Guarujá no meu carro - ele deve ter fumado uns 15 cigarros nesse trajeto, no banco do carona! Foda!!! Acho que resistir a este encontro foi uma vitória sem precedentes até o presente. Depois disso, uma baladinha com fumantes ao meu lado não tem o mesmo significado, ou seja, não tenho mais tanto medo quanto antes. Obrigado, Met!

No mais, o que acontece? Não tenho conseguido (ainda) fazer os desejados exercícios. Minha vontade é começar a fazer natação o mais rápido possível, mas ainda não o fiz. Joguei bola na última quarta e saí quebrado. Definitivamente, os exercícios devem acompanhar a saga do abandono do cigarro, tanto pelo bem químico que eles proporcionam, como pelo combate ao quilos adicionais que aparecem mesmo, sem dó. Este é o novo desafio a que me proponho.

Em um próximo post: as conversas com amigos fumantes sobre o porquê de e como parar.

quinta-feira, agosto 14, 2008

29 dias

Mais de 100 reais poupados. Mais de 36 maços de cigarros não fumados. Isto é mais de 3 pacotes daqueles que se compra em supermercados ou lojas de conveniência de postos de gasolina. E eu não completei nem um mês ainda.

A fissura já não bate com tanta força. Em algumas horas parece mais difícil de resistir do que em outras. Ontem eu fui jogar sinuca, tomando cerveja, e bateu uma vontade momentânea, logo esquecida, apesar dos cigarros ao meu lado. O cigarro é muito presente.

Lys disse hoje que daqui a pouco serão 4 meses, e não 4 semanas. Isto que é otimismo. Tenho medo da recaída, de tragar um pouquinho só que seja. Por outro lado, sinto-me forte para não fumar, pelo menos por enquanto. A batalha é realmente diária. Esta é a parte mais importante de tudo, o inevitável embate mental. Hay que endurecer!

Abs

sexta-feira, agosto 08, 2008

23 dias (ou A uma semana de completar um mês)

Meu fumômetro aponta quase 30 maços de Marlboro Lights deixados de fumar até o momento!!! Estou quase chegando na contagem de meses, e parece que já faz tanto tempo!

Saí ontem à noite com Lys e outros amigos, sentamos em um restaurante aberto com os fumantes à nossa volta. Não tive problemas. Não são momentos como este que me causam mais fissura e novos capítulos do embate mental. É mais difícil resistir quando estou sozinho, seja voltando para o trabalho após um almoço, seja em um ponto de ônibus. Mas meu problema principal ocorre mesmo quando estou sozinho em casa.

Ontem mesmo, depois do restaurante, eu cheguei em casa sozinho e o amigo que estava hospedado em casa havia deixado seu maço de Carlton sobre a mesa da sala, vazio. Balancei o maço como que a confirmar que ele estava vazio e... voilà: havia um cigarro solitário em seu interior! Na hora não dei muita bola, arrumei minhas coisas e fui dormir. Ao acordar hoje, meu amigo já havia voltado para São Paulo e seu maço ainda estava na mesa. Não sei se foi de propósito, como que me convidando a fumar só unzinho (o que eu não acho do seu feitio).

Mas o fato é que havia um cigarro em casa pela primeira vez desde o dia 16 de julho! Peguei-o, cheirei-o, coloquei-o entre os dedos, na boca, cheirei-o de novo (não sentia este cheiro há tempos, lembranças de infância cheirando os cigarros da minha mãe), para finalmente o quebrar e jogar no lixo. Ô praga! Depois disso, tudo o que senti foi um alívio e um aumento na confiança em minha decisão tomada. Tenho que repetir isto como um mantra... E pensar nas coisas boas que virão, pois é isto que faz manter a motivação. Mas é foda, eu sei!!! Tem que ser persistente, com muita força anti-vontade!

Abs

terça-feira, agosto 05, 2008

20 dias

20 dias sem fumar! Fiquei sem internet no final de semana e ontem o dia foi meio corrido para postar. Mas cá estou, ainda sem ter fumado!

Novas provações... Lys viajou a trabalho no sábado, e à noite eu fui a uma festa de amigos (alguns fumantes). Mais uma vez o maço estava logo ali, os cigarros para serem filados estavam bem na minha frente. Não peguei! Uma das amigas fumantes perguntou-me se eu havia parado de fumar. A resposta, já decorada, é: estou tentando parar. Não acho que eu já poderia dizer que parei... infelizmente, é a verdade.

Na sexta-feira, dois episódios. Fui a um concerto no Theatro Municipal. A orquestra mal havia começado a tocar e um senhor sentado duas cadeiras abaixo da minha começa a tossir descontroladamente, aquela tosse sem ar, típica de fumante. Ele simplesmente não conseguia parar de tossir! Pensei naquela pergunta "será que a gente só se dá conta que o cigarro faz mal quando ele realmente faz mal?".

Digo isso porque quando penso em mim fumando, eu fumo um maço ou mais por dia. Se eu conseguisse fumar 3 cigarros por dia, não ia querer parar. Mas eu sei que não consigo e, por isso, não posso fumar o primeiro, o unzinho. Mas acho que estou chegando no ponto de só lembrar do cigarro bom, da tragada boa. E de não lembrar que ele vai mesmo me fazer mal, porque eu não consigo me controlar e fumar pouco, só muito. Então, nada feito. É fundamental lembrar que um cigarro é bom, mas ter sempre consciência que EU não vou ficar com apenas um.

O outro episódio: no intervalo fui interpelado por um amigo fumante para irmos à varanda fumar. Respondi que tinha parado, para logo emendar com uma risadinha: "é, na verdade, estou tentando..." (o que é a mais pura verdade). Mas fiquei lá, rodeado pelos fumantes, observando-os. A fumaça do cigarro alheio ainda não me incomoda a ponto de me fazer não ficar junto dos fumantes. Ao mesmo tempo, é outro barato porque você só respira a parte "ruim" do cigarro, o que te dá prazer (a nicotina) não está lá. Então não tem muita graça mesmo, é só uma lembrança do cheiro.

Vinho: sua dica é, na verdade, o meu objetivo. Aumentar gradativamente a frequência e intensidade dos exercícios físicos, conforme a capacidade respiratória aumenta. E como aumenta!

Will: Força, meu caro! Prepare-se para uma batalha mental. E não deixe de avisar dos progressos (ou não)!

Agradeço muito a força de todos e peço desculpas pelo tempo sem postar... Consertei a internet ontem! Abs