terça-feira, setembro 02, 2008

O dia D

O dia nacional do combate ao tabagismo foi na semana passada, acho que dia 29. Li alguns relatos de ex-fumantes que conseguiram largar o cigarro. Muitos deles declararam que resolveram parar "de uma hora para outra", deu um clique, ouviram alguma coisa, enfim, que a decisão de parar de fumar havia sido pontual e que, a partir dali, nada de cigarros.

Relendo os relatos de Tabac no Tabagista Anônimo, extraí o seguinte trecho: "O Dia D não existe. Pelo menos não como eu o estava concebendo até agora. O Dia D não é um acontecimento futuro, para o qual devemos nos preparar. O Dia D só se revelará como tal quando já tiver ficado bem atrás no passado". Eu concordo!

Nesses meus 48 dias sem cigarro, já fui perguntado por diversas vezes se eu parei "do nada". Minha experiência pessoal me faz considerar que parar de fumar não é uma decisão de momento, de "bate-e-pronto". No meu caso, acho que foi o amadurecimento de uma vontade interna, que já martelava minha consciência há algum tempo. Não me preparei para o "dia D". Não contei os dias para sua entrada em cena. Nesse sentido, concordo plenamente com Tabac. Por outro lado, também não foi uma coisa sobre a qual eu nunca havia pensado, que me deu um insight, um clique momentâneo, muito pelo contrário. Eu pensava "preciso parar de fumar" em vários momentos!

Então, o que aconteceu comigo? Em janeiro planejei uma viagem de caminhada na Ilha Grande com alguns amigos do trabalho. Eu não levei cigarros e disse a mim mesmo que não fumaria lá. Se tudo corresse como planejado, caminharíamos por uns 8 dias com mochila nas costas, e estes seriam os meus dias de abstinência (já aliando-a aos exercícios físicos). Por uma série de razões não completamos o percurso e, no primeiro momento em que percebi isto, descolei um cigarro avulso em um restaurante de PF em Dois Rios... Baixei minha bola e engoli em seco as piadinhas dos amigos a respeito do meu insucesso. Depois deste episódio até o dia 16/07, tentei marcar uns dois dias D, mas, na hora do vamos ver, sempre desandava.

Até às 18hs do dia 15/07 eu já havia fumado uns 20 cigarros. Estava em um bar bebendo com colegas de trabalho, já abrindo o segundo maço do dia. Disse a eles que aquele seria o meu último maço de cigarros - e acendi um atrás do outro descontroladamente. Cheguei em casa com mais de meio maço ainda e já meio (ou bem) alto... Já passava de meia-noite, ou melhor, já era quase 1h da manhã do dia 16/07 quando me lembrei da conversa da mesa de bar. Eu já estava deitado, mas não havia dormido. Se eu realmente quisesse parar de fumar, não poderia acabar tudo daquele jeito. Deveria ser algo solene, deveria haver uma despedida, um sincero adeus - e não um até breve. Levantei da cama sonolento, sentei-me e acendi o cigarro. Traguei profundamente, tentando perceber com detalhes cada gosto, cada cheiro, tentando discriminar cada sensação ao longo dele.

Apaguei o cigarro. Não joguei o resto do maço fora antes de dormir, afinal, se fraquejasse logo de manhã, pelo menos eu ainda os teria logo ali sobre a mesa da sala. Mas acordei resoluto e logo amassei, decidido, o resto do maço. Falei com Lys sobre um "primeiro dia de abstinência do tabaco" antes de ir para o trabalho. Ela ainda não sabia de nada a não ser da minha vontade de parar. E assim foi. O resto está descrito nos primeiros posts do blog.

Resumindo: Tabac estava certo quanto ao dia D. Eu não acredito que baste marcar um dia para parar que, com força de vontade e se preparando para tal, se chega lá. Eu concordo que identificamos o dia D apenas um tempo depois de ele ter ocorrido. Eu acredito que o sucesso neste chamado dia D é fruto do amadurecimento de sua vontade pessoal de parar, e não de um arroubo momentâneo (como já ocorreu comigo bem umas 3 vezes). É como eu disse há um tempo atrás: o sucesso está na reunião - na sua cabeça - de argumentos decisivos que lhe fazem parar de fumar. É a tal da batalha mental de você contra você mesmo. Até agora, estou tendo sucesso. O foco é lá na frente, meus pés estão no chão e eu não posso subestimar nunca, por nenhum momento, o poder do cigarro sobre mim.

Abs

2 comentários:

Anônimo disse...

K,

Na doutrina Espirita, eu não sou, mas minha esposa é frequentadora e me fala alguma coisa a respeito, se diz o seguinte: No final é só você com você mesmo, então não adianta tentarmos n situações, desculpas, etc, é nossa força de vontade, como você mesmo falou, analisando o último cigarro, não encontramos nada para se despedir, apenas maleficios, mal cheiro, perda de saude, tentamos justificar que gostamos, que somos burros, enquanto fumantes, mas a verdade é uma só, analisando com a razão há somente uma alternativa, parar de fumar, respeito os fumantes, já fui um, não estou livre de nada, mas a verdade é uma só, fumar faz mal para a saúde, para o bolso e para o convivio social.
Cuidado com o Unzinho, não podemos com ele, mesmo sabendo de tudo isso.
Parabéns por quase dois meses, o pior esta passando.
Abraços.
Vinho.

A. Ferro disse...

Isso mesmo!! Não existe dia D como falam todas as cartilhas anti-fumo espalhadas nos consultórios médicos. Você para e pronto! o Importante é manter o foco como você vem fazendo e tendo sempre em mente que JAMAIS poderá colocar um cigarro em sua boca outra vez. Parabéns pelos dias de vitória!