sexta-feira, julho 18, 2008

Breve histórico

Hoje é o terceiro dia sem fumar. Meu fumômetro indica que já deixei de fumar 3 maços de Marlboro Lights: uma pequena, porém importante, marca para mim. Durante muito tempo, fumei mecanicamente em diversas situações (OBS: Note que estou usando o pretérito perfeito por pura conveniência pessoal. Não considero que esta realidade está apagada, ou será apagada, tão cedo do meu corpo). Acordava e acendia um cigarro, quase que um ato reflexo. Às vezes isto não acontecia, ora porque meus cigarros tinham acabado na noite anterior, ora porque eu simplesmente evitava fumar (por exemplo, quando acordava junto com a minha namorada, que chamarei de Lys, eu só acendia o primeiro cigarro depois de tomar o primeiro gole de café preto. Só que eu passava esse café o mais rápido possível...). Pois é, do primeiro para frente, os cigarros sucediam-se de modo mecânico entre meus dedos. Minha trajetória tabagista ocorreu nas três cidades em que eu morei: Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, nessa ordem.

Em Campinas, fumei durante a faculdade (graduação e mestrado). Foram 6 anos fumando, salvo um breve período de 5 meses. Fumava entre as aulas. Fumava entre os experimentos: eu descia para o instituto com um cronômetro piscando quantos minutos eu ainda tinha para fumar antes de voltar para o laboratório. Tinha vários colegas fumantes nesse grupo, na real, éramos mais fumantes do que não-fumantes, o que é um paradoxo, considerando se tratar de um laboratório de biologia molecular. Fumava depois do laboratório (cervejinha pós-expediente) e fumava muito em casa também. Quando eu viajava para o Rio, onde moram meus pais e irmãos, era diferente. Nunca fumei na frente dos meus pais (salvo uma ou outra "surpresa"), portanto eu simplesmente não fumava enquanto estivesse com eles. É estranho pensar nisso, ainda mais nesse período de abstinência. Quando isso acontecia, eu não lembrava muito do cigarro e a fissura não era muito pesada. Mas, quando saía de casa, comprava meu maço de pronto e curtia mais uma noite de fumaça. Nesses tempo vividos em Campinas, tive pelas primeiras vezes falta de ar quando dormia. Às vezes, após fumar muito durante um dia e noite, acordava com dispnéia, dificuldade de respirar. Tinha que dormir de bruços ou de lado, pois de barriga para cima era difícil.

Em São Paulo, para onde fui para fazer doutorado, foram mais 3 anos e meio de fumante. Morei com um amigo que fumava cigarro de cravo, como já disse. Às vezes eu filava uns tragos dos cigarros dele. Mas continuava fumando muito meu Marlboro Lights. No meu novo grupo de laboratório, tinha apenas uma colega fumante, mas quase sempre arrastávamos um outro pequeno grupo para nos acompanhar nas baforadas, para conversar. Nesses tempos, namorei uma mulher fumante. Era incrível como fumávamos juntos. Um arrastando o outro para mais um cigarro. Eventualmente, nos brindávamos com o famoso maço de Marlborão vermelho. Comprávamos meu Marlboro Lights, o LM dela e um Marlborão. Pode um troço desses? Durante todo esse tempo, em poucos dias fumei menos do que 15 cigarros. Experimentei também em São Paulo algumas crises para dormir. Tinha falta de ar em algumas noites, não tenho dúvidas que decorrentes do cigarro. Trabalhei um tempo com coletas de dados experimentais muito demoradas, de hora em hora por até 48 horas. Os intervalos eram invariavelmente aproveitados com cigarros e mais cigarros, "enquanto dá tempo pra mais um"...

Depois que voltei a morar no Rio, fiquei na casa dos meus pais por 5 meses. Nesse período, fumei cerca de 7 cigarros por dia, que era o mínimo que eu conseguia: um antes do trabalho, um no intervalo da manhã, um antes do almoço, um depois do almoço, um no meio da tarde, um antes de voltar para casa e um de noite. Moro sozinho desde janeiro de 2007 e uma das razões que contribuiu para isso foi, sem dúvida, poder fumar meu cigarrinho em paz. Ano passado eu tive uma tese de doutorado para escrever, penso que sem cigarro, naquele momento, seria simplesmente impossível. Agora estou em um bom momento e acho que a tentativa tem futuro e tudo para dar certo. Assim seja!

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