segunda-feira, julho 28, 2008

Uma dúzia de dias (ou Por que quero parar de fumar?)

12 dias completos e mais algumas horas - cerca de 15 maços de cigarros não fumados.

Passei por mais três grandes provas no final de semana: sexta à noite, depois de um churrasco; sábado à noite, em uma festa de aniversário; e domingo à tarde, durante um jogo de futebol assistido com amigos fumantes. Vontade de fumar? Muuuuiiitaaaaaaaaa! Em vários momentos imaginei a tragada e a fumaça, elas estavam logo ali, na minha frente. Confesso que desanimei um pouco ao perceber (ou melhor, ao ter certeza) que esta vontade e estes pensamentos permanecerão comigo por muito tempo ainda. Vai demorar muito para encarar um cigarro e não ter vontade de tragá-lo, se é que isso vai realmente acontecer algum dia. Por outro lado, é bom resistir nesses momentos, chegar em casa sem ter fumado, acordar sabendo que passou mais um dia sem cigarros. Esta é a parte reconfortante.

Estes pensamentos e "viagens" da cabeça são partes fundamentais do processo descrito por outros e vivenciado duramente por mim: parar de fumar é de fato uma luta de você contra você mesmo. De um lado está você, fumante, que se lembra vivamente daquele maço de cigarro novo, cheio, daquela tragada boa, de soltar a fumaça, da companhia que o cigarro te faz em vários momentos e, principalmente, de como seria bom fumar um cigarrinho agora. Do outro lado está você, (futuro) ex-fumante, que, após meticulosa e árdua batalha mental, reuniu argumentos concretos e decisivos que te fizeram bancar esta empreitada.

Considero oportuno o momento para uma exposição dos motivos racionais que me fizeram tomar esta desaventurada decisão. Por que quero parar de fumar? Comecemos com um texto retirado da internet (não me lembro de onde, acho que era um site português), bastante pertinente para a questão: "Todos sabemos que fumar causa elevada dependência em virtude de uma série de compostos que vão viciar o organismo. Dizem os estudiosos e cientistas que num cigarro estão presentes 4.000 substâncias, das quais 40 têm características cancerígenas. Ao acender o cigarro com o isqueiro, tenha em conta que o fez utilizando gás butano. Depois de aspirado e no trajeto entre a boca e os pulmões o fumo transporta metropeno (inseticida), benzeno (solvente químico), monóxido de carbono, cianeto de hidrogênio, nitrosamina, polônio (um dos componentes do lixo nuclear), amônio, cádmio (usado nas baterias dos carros), acetona, terebintina (diluente de tinta), naftalina, fósforo (usado em veneno dos ratos) e até formaldeído (composto utilizado para conservar cadáveres). Estes são alguns dos produtos considerados extremamente perigosos".

Bom, então a primeira questão é: eu tenho consciência plena de que, em cada cigarro fumado, há substâncias químicas perigosas para minha saúde. Como consequências do tabagismo e das diversas substâncias nocivas encontradas nos cigarros, alguns danos ao meu corpo poderão porventura acontecer, entre eles: câncer (em vários lugares, como pulmão, boca, garganta, pâncreas, bexiga, etc); enfisema pulmonar; deficiências circulatórias, que poderão desencadear quadros de infarto, AVC e impotência sexual, por exemplo.

Fiquemos com estas perspectivas sombrias apenas, e falemos agora do que já acontece com o meu corpo. Eu gosto de praticar esportes, principalmente jogar futebol, nadar e correr (nesta ordem). Percebi minha capacidade e condicionamento físicos diminuírem gradativamente ao longo dos anos. Ao mesmo tempo, como cada vez "aguentava" menos exercícios, além de ter cada vez menos tempo e disposição, fui engordando gradativamente. Eu sou o que poderíamos chamar de gordinho: nem gordo, nem magro. Para mim esta é uma das nuances mais animadoras de parar de fumar: tenho certeza que, com isso, vou ter mais disposição e vontade de praticar esportes e, a longo prazo, vou acabar perdendo peso e ficando mais em forma.

Uma outra questão diz respeito ao cheiro do fumante. Eu fedia - e sabia disso. Minha casa, minhas roupas, meu carro, minhas mãos, enfim, nada escapava incólume da fumaça. Ainda mais um motivo é que há cada vez menos fumantes, e cada vez menos tolerância com eles. Isto muitas vezes funcionou como um incentivo para eu fumar mais um cigarro - para deixar claro que eu não era submisso aos brados propagandistas de que fumar, agora, não era mais legal. Era como o Donald Rumsfeld aparecendo uma hora em conversa animada com o Saddam Hussein, e outra hora lançando bombas sobre Bagdá (o problema é que, nesse caso, EU era o Saddam!). Voltando ao assunto, o último aspecto é o do convívio social. Entre fumantes (e, reconheçamos, entre alguns não-fumantes também), existe uma grande tolerância. Lembro-me de uma viagem para Florianópolis em que eu e um amigo ficamos hospedados na casa de um casal, todos os quatro fumantes de Marlborão. Minha nossa, acho que nunca fumamos tanto! Juntos, até os olhos arderem!!!

Mas a verdade é que situações como esta são exceções atualmente. Há cada vez menos fumantes e cada vez menos não-fumantes dispostos a nos tolerar! Adotamos então diversas estratégias: fumar nos fumódromos sujos, sair dos bares para fumar um cigarro na rua e voltar (repetindo esta atitude umas 10 vezes em uma noitada), sair do aeroporto para fumar um cigarro (carregando a bagagem), querer ir embora de alguns lugares porque não se pode fumar nele, abreviar visitas (!) a parentes ou amigos radicais porque não se pode fumar (e acender um cigarrinho assim que sair de lá, ou entrar no carro). Em suma, retratos da dependência. Da carência. E da falta de perspectiva de assumir uma outra postura frente ao cigarro.

É a isto que me proponho nesse momento: mudar minha postura. Eu quero parar de fumar! E pretendo conseguir. Para isso, não posso esquecer os motivos que me fizeram chegar até aqui. Tampouco esquecer o que me fez ter insucessos em outras ocasiões. Mas isto será motivo para um outro post.

Vinho, Ferro e Beto: é foda, mas estamos aí! Admiro vocês pela persistência e pelo sucesso. Eu sei muito bem pelo que já passaram (e vocês sabem muito bem o que eu passo...). Parabéns para os três e obrigado pela força! Visitarei o site do Ferro, Beto. Força nesse começo é o que eu (e acho que todos no mesmo estágio) mais preciso. Meu "xadrez mental" está atingindo níveis de grandes mestres em apenas 12 dias!!!

Abs

5 comentários:

Anônimo disse...

Eita nóis! Gosto pra dedéu de gente como você, minino! Costumo dizer que: aqui é aroeira, sujeito! Não somos heróis, nem reais nem de fancaria, mas também não somos ratos. Somos gente, seres humanos livres e independentes, de uma independência feroz e bonita, da qual só os fortes são capazes de entender e dominar. Continue. Fique firme. Mande os fabricantes de cigarro à merda! No início de minha luta particular para deixar de fumar, no primeiro mês, eu costumava sair para o quintal de minha casa e gritar (gritar mesmo... risos... tadinhos de meus vizinhos) EU NÃO VOU FUMAR, PREFIRO COMER MERDA A FUMAR!!! MANDO EM MIM MESMO, E NÃO A SOUZA CRUZ! EU NÃO FUMO, CABOCLO!!! Rarará! funcionava. A adrenalina subia à cabeça e eu ficava em um estado de euforia, alegre por ter parado de fumar e estar resistindo. E de uma coisa pode ter certeza: como o Vinho já te disse, ficar quinze dias sem fumar depois de anos de vício, não é para qualquer um. Você é forte. Fique firme. Um abraço enorme pra você, cara.

beto.

Anônimo disse...

K,

Apesar de ter tentando parar por algumas vezes, a ultima tentantiva foi decisiva, porque senti uma forte dor no pulmão, apesar de ser apenas uma reação alergica a tinta, que estava sendo feito a pintura do meu ap. me veio a mente que poderia ser uma consequencia do cigarro, como meu Pai já faleceu de enfisema pulmonar, me pareceu a hora perfeita para parar de vez com essa bobagem que é fumar, não quero mais ter cheiro ruim, catarro, tosse, falta de folego e coisas afins que o cigarro nos proporciona, estes são bons motivos para parar de fumar, ou não?
Com o tempo vamos lembrando somente as coisas boas do cigarro, como era gostoso fumar com uma taça de vinho ou cerveja, depois do almoço, mas esquecemos de todo o ruim, o vício tem esse poder, o Blog nos ajuda a sempre lembrar disso.
Parabés pelas 12 dias.
Forte abraço.
Vinho

Anônimo disse...

Que bom saber que já está passando a fase da fissura, Karenin. A internet nos proporciona dividir nossas angústias com pessoas que passaram ou estão passando pelo mesmo dilema, não é? Mas, veja o que você mesmo disse: "parar de fumar é de fato uma luta de você contra você mesmo". Na mosca! O bom mesmo, é que o blog e o fumometro ficam nos vigiando. São os cães de guarda nessa nossa batalha. Logo você vai deixar de se imaginar fumando, somente para não ter que começar tudo do zero novamente.

Desculpe pela demora em acessar seu blog, vou linká-lo o quanto antes. Seja bem vindo ao time e conte conosco pro que der e vier. Como diz nosso amigo Beto: Nem herói nem rato, gente! Abração

Anônimo disse...

Karenin
Desculpe a demora, estou um tanto ausente do meu Blog.
Fico feliz em ver que mais um está sendo forte e largando este vício que nos tira a vida.
Coragem, força e determinação, vá sendo vitorioso de minuto a minuto, hora a hora, dia a dia que quando perceber já será um vitorioso de mês, ano...um ex-fumante mesmo, de corpo e de mente.
Boa sorte amigo.
Força... Beijos

Anônimo disse...

Que loucura...
Anônimo é Mary do Blog euxele.blogger.com.br...
rs!